Desarmadas

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Desarmadas

Duas moças conversavam na mesa da doceira. Roupas modernas elegantes, se diferenciavam não só pela tinta loira de uma em relação ao castanho escuro dos cabelos longos da outra. Debatiam, com classe, sobre ideologias e sistemas de governo. Entre um ecláir e um café, a loira defendia arduamente o socialismo. Dizia que não há outra maneira de encontrar a justiça social, sem descambar para o individualismo faminto que o dinheiro atiça.
A outra, em tom educado, não teve como bradar as vantagens da engrenagem monetarista apenas pelo lucro para não parecer desumano. Mas defendeu seu regime – não de ecláir – afirmando que o capitalismo é o ideal se tiver pagamento de impostos, produção, igualdade, emprego, inclusão, educação e saúde a toda a população.
E logo em seguida, como se antecipando a uma verdade inabalável, completou. “Sem corrupção, sem corrupção.
E sem ganância pelo poder”. Manteve uma fala completamente desarmada, respeitando a opinião da amiga. E se protegendo de uma acusação de se render ao poder financeiro em detrimento da justiça social, um tanto constrangida com o teor humanitário da interlocutora. Somente esse desarme já é algo que o socialismo tem de bom.

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