Na frente da casinha no kibutz, duas senhoras se reencontraram. Eram irmãs que não se viam havia 48 anos. Separaram-se por causa da guerra e agora dividiam um longo abraço, por entre trilhas ajardinadas, como se tentassem vencer quatro décadas em alguns minutos.
Uma veio para o Brasil, se casou, teve filhos e netos. Outra foi morar em Israel, onde também fez família. A distância não apagou a memória, tampouco o afeto.
Apenas internalizou uma moça na outra, até se tornarem idosas. Depois daquele encontro, vieram outros esporádicos naquela viagem.
Encerrada a visita, porém, nunca mais se viram, obedecendo uma ordem natural da rotina humana.
O que nos une não são apenas os sentidos concretos da visão, audição e tato.
A irmã mais velha morreu três anos depois, aliviada.
Sabia que aquele abraço duraria muito além de 48 anos.