Amigo

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Amigo

Eis que o vejo andando lentamente

Naquela mesma esquina da cidade

Onde tomávamos cerveja na juventude

Olhando as moças circularem livremente

 

 

Falávamos da vida, dos perigos e esperanças

Você mostrava no olhar a sua criança

Em busca de compreensão para tanta aflição

Sem muito tempo para ouvir em suas andanças

 

 

E eu bebia meus goles de idealismo

Também menino um sonho acalentava

De um dia ver toda aquela gente

Acordar do pesadelo do egoísmo

 

 

Então nós nos perdemos no caminho

Seguindo o mesmo empirismo do destino

E na trilha do passado ao presente

Entendi que o ser sempre anda sozinho

 

 

Você está velho e percorre a mesma esquina

De sandália, camisa solta e pele flácida

Passos lentos sem sair da nossa origem

E um olhar cavo que ainda se fascina

 

 

Lá de longe o observo no velho bar

Velhos gestos e me lembro como hoje

Não converso, não o chamo, só percebo

Sua insistência sempre pronto a indagar

 

 

Como fazer para conseguir sempre vencer

Como jogar sem nunca se decepcionar

Eu o amava, meu amigo, pelo que você era

E também pelo que deveria, e poderia, ser.

 

 

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