Ignorância
Todo o conhecimento humano pouco vale se não houver conhecimento sobre o humano.
Casa, carro, ações na bolsa, dinheiro no banco. Tudo o que um homem tem neste mundo é emprestado. A única coisa que lhe pertence é a sua própria história.
Uma reunião de taxistas em frente a uma garagem aberta chamou minha atenção naquela tarde ensolarada. A rua, normalmente tranquila, ficou mais movimentada, com um certo congestionamento que logo se desfazia quando os motoristas deixavam o local. Estavam lá provavelmente para renovar algum certificado. E enquanto esperavam, aglomerados, iam colocando o papo em dia.
Há alguma coisa que fica em silêncio quando um homem dirige na marginal e do outro lado vê os prédios iluminados na profunda noite. Já já ele vai chegar em casa e dormir. E quando o vento sussurra um segredo em seu ouvido, com frases mudas, como balbucios em movimento, este silêncio está presente.
Queria lhe mostrar minha verdade verdadeira. Só consigo metade, a verdade mentirosa.Também escapa a mentira verdadeira, pelas brechas da minha prosa. E cai no pranto da Louis Vuitton, no traje de gala, da sua mentira saborosa. Mas mentirosa.
Houve uma época em que ele não olhava o relógio. Amanhecia em um parque de novidades, desfrutava o néctar do presente eterno. Apreciava o som de uma música que vinha de longe, do vizinho, envolvida nas flores e chacoalhando as florestas. O sol polvilhava lá das montanhas. Tingia o celeste de ouro, prometendo voltar
Outro dia assisti na TV um episódio em que o protagonista pergunta ao irmão: o que está acontecendo com a gente? Apertei pause, levantei para tomar uma água e a pergunta murmurou na minha mente, saindo da representação cênica para me fazer personagem real. O debate entre candidatos tem refletido a discórdia que emana