Dor, eterna companheira do homem. A dor crônica da artrite dos que se cansaram de andar. A dor aguda dos que se aventuraram em tentar e recuaram para prosseguir. A dor lancinante de uma facada. A dor inflamatória de uma ferida que não seca. A dor de se sentir longe do alarido da infância.
A dor das promessas não cumpridas. A dor das mentiras não reveladas. A dor das verdades jamais percebidas. A dor de falar e ninguém ouvir. A dor de ouvir os que não sabem falar. A dor das despedidas obrigatórias. A dor da chegada, a dor da partida. Os jovens sentem dor no crescimento.
Os adultos, no envelhecimento. E existe a dor das incertezas. Para curar a dor das certezas. A dor do nada, daquilo que não tem motivo para nos fazer chorar. A dor no estômago de tanto rir. A dor de dente que nos tira da reunião importante. A dor do que já passou.
A dor do que ainda virá. Dor somática, atributo divino que faz a vida girar. E doer. A dor na coluna aponta para a idade, a dor de cabeça nos mostra a realidade. Somos sós, isso nos remete à dor da unicidade.
Todas as dores são suportáveis, por serem dolorosas companheiras.
Dolorosamente nos apontam o caminho.
A única dor que não passa nunca é a de quem tenta fingir que não sente dor.
É a dor de quem se cala diante do amor.