Herman Hesse escreveu um conto sobre uma montanha, retratando-a como uma espécie de testemunha paciente da passagem do tempo, das tormentas, do florescer das plantas e dos períodos de seca.
Sua superfície rochosa tinha de criar alternativas para se perpetuar, fertilizar a terra e as árvores que abrigava a fim de aguentar com tolerância as intempéries do céu e as loucuras do clima.
Entendi que ele quis mandar um recado aos homens. Sejamos, portanto, montanhas de sabedoria, suportando com firmeza a histeria alheia que se abate em nossa crosta.
Não deixemos que esta ignorância penetre em nosso núcleo, atiçando nosso mais tórrido magma.
Dependendo do caso, causamos prejuízos, para nós e para o mundo que nos cerca, quando sucumbinos a ela.
Nestes momentos, trocamos de identidade.
A segurança vira instabilidade.
Deixamos de ser montanhas e nos transformamos em vulcões.