Perfumados

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Perfumados

No futebol, adoro o termo jogar fora de casa. Deparar-se com arquibancadas torcendo contra o seu sucesso, colocando o que puder de energia contrária à sua identidade é um desafio lúdico, necessário a todos que querem a vitória. Todos os dias, quando acordamos, nos olhamos no espelho, sonhando em não encontrar as olheiras da fragilidade e o caos dos nossos cabelos desarrumados.

 

Expostos à nossa realidade humana, antes de nos aprumarmos, é inevitável um certo receio diante do desafio que a manhã nos impõe. Respiramos fundo, tomamos banho, nos perfumamos como num ritual que nos abençoa antes do saudável enfrentamento. De forma construtiva, até religiosa, nos preparamos para o que é mais bonito e difícil no futebol: ganhar fora de casa.

 

E na maior parte do dia, o jogo continua com esta tônica. O perfume perde o aroma para o suor, a camisa amassa. Atuamos na casa – e sob os olhares enviesados – de um adversário.

 

Há duas maneiras de colocarmos a cabeça no travesseiro sentindo o sabor do triunfo, depois do banho que nos renova. Uma é quando conseguimos tirar o adversário de dentro de nós.

 

E, se ele estiver fora, urrando dos alambrados, percebermos que seus gritos não são tão potentes. Podemos fazer dele apenas um adversário, não um inimigo.

 

E antes de dormirmos o sono dos justos, desejar-lhe um amistoso “até amanhã”.

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