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Prefiro descrever uma onda sonora a uma escrivaninha de um escritório de luxo. Não sei bem montar diálogos corriqueiros, tendendo obcecadamente a divagar sobre conflitos da alma. Só se eu fosse um protagonista da moda, daqueles bem-sucedidos, dinâmicos, arrojados, antenados, com expertise, cheio de termos atuais, vestiria um blazer casual com uma camisa com estampas alegres. Manteria os cabelos raspados, ou repicados, sempre com um look moderno. Nem me preocuparia se minha imagem irrepreensível me escondesse de mim mesmo. Como escritor, publicaria cenas como se fossem fotografias, diálogos reproduzidos, após ficar anotando o que escutasse na rua. Seria cool, undergraound, me orgulharia de meu veio irônico, sarcástico e debochado, alardeando perversidade em tom de decreto. Se fosse fazer uma propaganda, andaria com passos firmes ao encontro da câmera, por canyons paradisíacos. E quando chegasse próximo da lente, olharia fundo e falaria com cara de bravo, implacável como os fortes devem agir, bradando meu grito de vitória, sem titubear. “Este é o meu estilo, esta é minha marca”. Depois, não deixaria ninguém me ver chorar.

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