O filósofo francês Henri Bergson defendia a intuição humana como fonte maior da sabedoria. Na sua visão, o tempo qualitativo, ligado ao espaço, é apenas uma referência numérica, já que o tempo quantitativo, mais verdadeiro, emerge de nossas vivências, das profundezas de nosso interior.
Decifradas, estas turbulências internas abrem caminhos para a realização humana, como um farol a iluminar e delimitar nossos sonhos. Para Bergson, o nosso tempo não está ligado ao espaço.
Está ligado à sua efêmera e intermitente passagem por nossa vida. Afaga-nos em momentos de alegria, rompe insolente e assustador nos momentos de tensão.
Custa a passar na angústia. Passa tão lépido nas realizações que, lá de longe, nos acena já em forma de saudade antes mesmo de nos darmos conta. O tempo de Bergson tem o ritmo de nossas andanças.
Corre como um menino delicado, suscetível aos nossos estados de espírito.
Bergson nos diz que não é o espaço que movimenta o tempo. O tempo de Bergson pode se arrastar com um sopro de vida, se espalhar com um furacão de anseios. Suas mil facetas se desligam da ordem cronológica e se encontram como folhas ao vento na nossa busca do autoconhecimento.