Já tinha medo de lobisomem. Morria de pavor ao ver a Cuca nos seriados. Acordava gritando pela noite quando sonhava com o lobo mau. E ainda um adulto lhe contou que, se fizesse bagunça, seria castigado pelo “vizinho”. Vizinho se tornou um protagonista de seus horrores, figura sinistra com cara de bravo e um martelo na mão, usado para pregar meninos nos porões do prédio. Então, por muitas vezes, ao ouvir batidinhas nas portas de sua vida, o coração palpitava na sala. Seria ele? E a única resposta a emergir em balbucio trêmulo era: “Não tem ninguém”.
Vizinho
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