Apaixonados

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Apaixonados

Discussões infantis sobre lances interpretativos. Acusações baratas de ambos os lados. Torcedores que quase agridem um sósia do árbitro do jogo. Clima de guerra e mentalidade tribal transitam facilmente entre o Real Madrid e o Barcelona, dois clubes tidos como os mais requintados, verdadeiros modelos a serem seguidos, numa demonstração de que apenas glamour aparente não é suficiente, tampouco as receitas de cerca de 300 milhões de euros anuais das duas agremiações. Algo longe das cifras está sendo demonstrado neste ninho de maledicências. É o lado nocivo do futebol nos últimos tempos, em que os ânimos e os números afloram enquanto os participantes do espetáculo se tornam gladiadores na luta pela sobrevivência, envolvidos pela torturante necessidade de ganhar ou ganhar. Isso não é apenas paixão, termo utilizado por muitos como desculpa para justificar as misérias humanas no futebol. Isso é algo muito pior que a paixão, no meu entender, um sentimento nobre e generoso, apesar de intenso. Um escritor certa vez disse, com sabedoria, que futebol é elegância. Mas não a elegância no vestir, no design dos uniformes, na suntuosidade da sala de troféus, na manutenção do patrimônio, nos investimentos astronômicos. Entendi como outro tipo de elegância. Aquela em que ganhar ou perder faz apenas parte de um jogo, aquela em que o adversário não simboliza um inimigo, mas um companheiro respeitável, ponte e estímulo para a própria superação rumo à vitória e humildade diante da derrota. Sou romântico. A paixão é romântica.

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