Permita ser levado pela ânsia irracional do desafio.
Pule de pára-quedas afligindo sua família.
Mergulhe em apneia até o fundo do mar, tentando escapar das suas próprias profundezas desconhecidas.
Mostre-se inabalável.
Ou então inatacável.
Entre em seu carro com o ar fleumático dos arrogantes.
Ultrapasse sem necessidade.
Feche, exerça silenciosamente seu status social.
Entenda somente o significado fútil de bondade.
Desconfie sempre dos outros.
Incorpore o ceticismo moralista.
Enquadre.
Rotule.
Seja sempre impiedoso no trato com o outro.
Confunda verdades.
Invente versões que atendam o seu interesse.
Desvirtue em causa própria.
Confie sem pestanejar em seus instintos materialistas.
Despreze qualquer perigo.
Se não conseguir, pelo menos finja.
Esqueça-se de que está sendo observado pela luz das estrelas.
Tape os ouvidos para o canto da brisa perfumada.
Não pense que há barreiras nas baladas de sua boate.
Encontre a saída na pirotecnia de sua vida.
Embarque nas avalanches que racham estádios.
Ria alto para o universo escutar sua risada empedernida.
Encene.
Jamais acene.
Alimente-se de sua própria cantilena.
Não perceba, no fim de tudo, que nada disso valeu a pena.