Velho rabino, barba branca, roupa preta, bengala envernizada. Cambaleia no andar, não no pensar e nem no sentir. Pisa no asfalto com passos duros, apoiado no ombro do jovem.
Mãos pesadas e trêmulas regem seus movimentos, como se a vida fosse uma orquestra fragmentada que se encontra em sua lucidez.
“Não vá vender sua alma, hein?”, diz, com sotaque russo, subindo com alegria os degraus da entrada.
Ampara-se no porteiro, já de costas.
Dá um aceno em forma de benção, em despedida, enquanto um caminhão passa na rua, bufando, fazendo o concerto tremer, no ritmo daquelas mãos.