A agente de aeroporto atende o cliente. Ela tem olhar sanguíneo e cara de raiva. Costuma responder mal, retrucar, não informar. Uma coisa nefasta é o autoritarismo de tempos atrás.
Outra, ou no fim das contas a mesma, é a perda do respeito nos tempos atuais. Tornou-se hábito destratar o cliente. Jogador derruba técnico sem parcimônia. Aluno desanca professor.
Professor ironiza os pais. Instituições perdem a força de referência. O marketing acena com mil possibilidades em um país que não pode ter ilusão.
A violência busca alimentos na miséria e na desigualdade. Um homem, no meio da multidão, grita por serenidade. Ninguém o escuta.
Todos andam ensimesmados, turbinados por seus i-pods, com passos apressados, numa marcha febril e sem destino, que os impede de olhar para os lados.
Ele tenta respirar fundo. Pensa. “Não basta contermos a nossa raiva. É preciso também saber conter a raiva dos outros e não se inflamar”.
Pega a mala e chama um taxi.
Coitado, vai para o aeroporto, ser atendido pela agente.