Escurece na praia. As ondas se tornam riscas brancas em movimento. O cheiro do mar se intensifica. Os navios no horizonte se transformam em pirilampos.
A areia esfria, ganha o frescor da noite. A luz das estrelas e o brilho da lua se tornam referências. Emanam. Misturam-se à maresia e ao marulhar.
O cenário aguarda o dia que virá, ensolarado, com o alarido das crianças e os guarda-sóis coloridos.
E o sorveteiro, e o homem da queijadinha gritando um slogan para cativar os clientes.
Como nos meus tempos de criança em Santos, com meus pais e meu tio.
E tem ainda o barulho das raquetes batendo bola no frescobol.
Estou na cidade, distante, imaginando as cenas.
Lá estão minha esposa e meus filhos.
Entro no apartamento vazio.
Sinto-me só, envolvido no silêncio.
Então escrevo este texto, sem nenhuma inspiração.