Deitei na grama do parque, me espalhei no tapete verde-musgo. Mistura de verde e marrom. Ao contemplar as alturas, vi o entardecer mesclar o vermelho do sol, o azul celeste e o branco das nuvens.
Surgiu daí um lilás que desmaiava com o vento. Um menino no skate vai pular sobre uma barra de ferro. No momento do salto, desiste. Vi em seu olhar a sanidade, mistura de coragem e medo.
Assim como a paixão que se mistura com o tempo vai se transformando em carinho. E a crítica, sem amor, vira crueldade.
A ponto de urrar de raiva e estragar tudo, podemos utilizar uma pitada de vergonha para transformar a fúria em prudência.
Esta fórmula, vista de outra maneira, pode ainda significar submissão. A tempestade desaba acinzentada. Para que a primavera seja rosada.
O rubro estampa um rosto tímido. E a brancura revela quem se assustou. A essência humana vem da terra ocre. Emana do firmamento gris. Emerge do sêmen cor de areia.
Liberdade que vive aprisionada pela mistura das cores e das emoções. Pelas tonalidades de cada instante. A regulagem de um sentimento gera outro sentimento.
Não há vida sem a beleza e a tortura da combinação.
Nada temos a oferecer além da química dos afetos e a matemática dos sentimentos.
Na ausência de cor reina o luto.