Copo

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Copo

Sentia-se constrangido ao descrever as pessoas como elas eram, sem máscaras. E se as encontrasse na rua ou em um encontro familiar?

 

Não saberia sublimar suas convicções e se render às aparências, nem se permitir conversar normalmente deixando de lado aquela opinião reservada apenas a outra esfera, mais subjetiva. Sentia-se ambicioso como escritor.

 

Ansiava pela verdade sem ferir, pela honestidade generosa. Não gostava de se locupletar com a maledicência, com mensagens mentirosas ou a ironia corrosiva, que, para ele, escritor pouco conhecido, beirava a covardia.

 

Deve ter sido por isso que Amós Oz mudou de nome aos quinze anos. Não para se locupletar com as letras, mas para se completar com elas. Oz, em hebraico, é coragem.

 

Como no ritual do casamento judaico, quando o noivo quebra o copo com os pés, para romper com um passado, Oz se reinventou para recomeçar ainda jovem.

 

Escrevendo sua angústia, seu afeto, por trilhas cheias de sombra, mas com poucas máscaras.

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