Por Eugenio Goussinsky
Devo para o banco digital.
Devo para o fornecedor online.
Devo o boleto virtual.
Devo o PPI da Prefeitura.
Devo a mensalidade do condomínio inteligente.
Devo a assinatura da Netflix.
Devo a parcela do serviço da Spotify.
Devo para minha ilusão de amizade.
Devo para os julgadores da imprensa.
Devo para os egocêntricos.
Devo para os interesses mesquinhos.
Devo para os motoristas truculentos.
Devo para os solidários da moda.
Devo para os modismos.
Devo para as aparências escancaradas.
Devo para os que nunca me ouviram.
Devo para aqueles que nunca ouvi.
Devo para os romancistas consagrados.
Devo para os flashes das celebridades.
Devo para as crianças que sofrem.
Devo para a necessidade de poder.
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Devo para as feministas de má-fé.
Devo para os machistas hipócritas.
Devo para os que se escondem atrás da causa.
Devo para os que se calam sobre o mal.
Devo para os que fingem existir.
Devo para os que sobrevivem na mentira.
Devo para os que exibem só fachada.
Devo para os que querem aprisionar.
Devo para as mentiras de religiosos.
Devo para o silêncio que acolhe.
Devo para a noite que abraça.
Devo para o sol tocando os prédios.
Devo para The Winner Takes it All.
Devo para a inocência do meu cãozinho.
Devo para a ingratidão que cobra.
Devo para os verdadeiros devedores.
Devo para muitos dos meus sonhos.
Devo para mim mesmo.
Já pensei em desistir.
Isso, sei que não devo.
Devo para a manhã que me acena.
