Pelas ruas que você atravessar em sua infância, serei o guarda de trânsito. Com quepe na cabeça e apito na boca, ficarei atento para que a maldade e a mentira não o atropelem. Cuidarei para que os carros parem para que você passe, evitando colisões.
Na medida do possível, controlarei esse fluxo de adversidades para que sua vida flua sem tantos farois. Apenas o amarelo, quando você tiver prova no dia seguinte.
Ou o vermelho, impedindo o desrespeito. De resto, que o farol verde lhe permita muitas coisas, em cada esquina: brincar, sorrir, estudar, aprender, crescer.
Tudo isso até um dia em que não poderei mais realizar tal função, por minha vista não mais alcançar seus passos e o sopro do meu apito não passar de um pio.
Aí, você terá aprendido a andar sozinho.
Terá de ser assim.
Evitará suas colisões e seguirá seu rumo, longe dos meus olhos.
Nas trilhas mais distantes, nos limites da cidade, já na estrada, nos campos, nas plantações, nas montanhas verdes, quase tocando o céu, acompanhado sempre pela batida do meu coração: Ra-ul, Ra-ul, Ra-ul…