Parte da imprensa projeta no público algo que está nela. Como as pessoas em geral fazem com o outro. Muitos jornalistas se irritam quando suas opiniões petrificadas são desfeitas. Quando idealizam, como fazem com Neymar, chamam de céticos aqueles que, não desmerecendo o enorme talento do menino, preferem esperar um pouco para elevá-lo ao Olimpo do futebol.
Ficam irados com o contraditório, como se fossem eles torcedores apaixonados por certezas aparentes. E quando depreciam, dentro de um modelo maniqueísta, chamam de ingênuos e idealistas aqueles que vêem qualidades no depreciado.
Um exemplo é Ronaldinho Gaúcho, outrora também comparado a Pelé, e que depois passou a ser considerado um zumbi, sem perdão
É comum, porém, que o cético e o ingênuo sejam os que acusam, enquanto não percebem o disfarce que a própria profissão os fornece.
Das redações e dos estúdios, eles se culpam por se sentirem vulneráveis à crítica, ao diferente, e se prendem a frases feitas, como uma referência contra a própria insegurança ou dúvida.
O discurso parece estar pronto, não permitindo saída, nem meio-termo.
Uma solução seria saber que o respeito à opinião do outro, quando embasada em elementos coerentes, também faz parte da tão defendida liberdade de imprensa.