Oscilam como o vento. Se perdem, se esquecem, se diluem no tempo. Atrás de sua mesa, ele me disse que ligaria (depois nunca mais ligou). O que por trás daquele rosto liso haveria? Boa intenção? Talvez alguma irritação. Escondida. Perdida. Sua postura discreta, quieta, quase fria, faz seu sorriso diáfano. Monalístico. Se é que o termo existe. Incógnita que resiste. Ele finge ou será uma esfinge? Um instante, um segundo. Silêncio profundo. Lá embaixo do prédio o grito de um vagabundo.
O som entra no escritório, vem ao meu mundo. Serei eu o vagabundo? Ele ergue os olhos, ameaça contar meu segredo. Me mexo na cadeira, com certo medo. Como descobriu se eu não dei nenhum pio? Quase apelo. Sou ingênuo mas não revelo. Quer saber? O vagabundo é você. Diga o que pensa. Tente. Não invente. Então entra a linda secretária. Chama a atenção, como se cantasse uma ária. Faz enfim ele falar novamente. Mas será que ele mente?