Sentaram na mesinha ao lado da janela. Nunca tinham tomado café juntos. Ele, atribulado pelo trabalho cheio de competitividade, que deixava sua rotina sem cor. Ela, ocupada produtora de moda, estilo moderno e independente. Tinha cabelos lisos, loiros, pele alva, olhos escuros e brilhantes, como uma noite luminosa. Por esbanjar simpatia, a moça logo despertou o interesse dele, um eterno romântico. Ele pode falar de coisas sobre sua vida, de suas ideias, sentindo-se leve e fascinado. Sentia-se flanar ao lado dela por entre as mesas, enquanto degustava o café sem perceber. Ficou tão livre e empolgado que não viu o tempo passar na lanchonete. Ela, de repente, olhou para o relógio. “Tenho de ir”, disse. Ele, como se tivesse despencado na terra, vindo de um lindo sonho, disfarçou. “Claro, também estou atrasado”. Lembrou-se naquele momento da frase de Pirandello, em que as mulheres, como os sonhos, nunca são como as imaginamos. E voltou para sua dura realidade cinzenta, inconformado. Sem deixar de questioná-la, em pensamento. “Por que em encontros assim tem de haver sempre a despedida?”
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