Cada mensagem eletrônica da diretora parecia uma bomba. Ela era apressada, autoritária, definitiva. As frases curtas que desferia, muitas vezes monossilábicas, eram intencionalmente feitas para parecerem controlar o destino das galáxias. No caso, os alvos eram pessoas.
Quando a resposta era “estou sem agenda neste fim de ano”, pode esquecer. Às vezes, os mísseis seguiam a rota de mensagens como “estou fora” ou “fale com minha secretária”. Tudo curto e grosso, sem assinatura. Quando a resposta era um “ok”, ele se sentia um diplomata vitorioso em sua missão de paz.
Ele, com seus e-mails educados e explicativos, não conseguia se adaptar a este esquema impessoal. Até tentava ser objetivo, mas, quando iniciava com “oi fulana”, se via impelido a incluir em seguida um “tudo bem?” Depois de muito pensar, sem pressa, diga-se de passagem, chegou a uma conclusão.
Não é o mundo moderno, nem os compromissos, nem a pressão. É algum medo. É a necessidade permanente de auto-afirmação submetida a uma espada de Dâmocles, que ameaça cair sobre quem ocupa o trono. Poderia também ser algo químico.
E neste caso, a modernidade até ajudaria.
A mente das superpoderosas pode ser estudada de maneira esclarecedora.
Resolveu, então, sugerir a um cientista dar início a uma pesquisa para saber se a luta pela igualdade aumentou o nível de testosterona no público feminino.
Mas, para desgosto delas, esta seria uma longa história.