De repente o redemoinho do tempo lhe trouxe antigas vivências. Na escola, era o brincalhão. Soltava-se, para esconder alguma fraqueza, mas, mesmo assim, permitia-se criar, ainda que para esconder seu lado obscuro, de forma precária. E a alquimia dos dias transformou a pedra filosofal da imaginação, que deveria ser lapidada, em medo de novamente ser tachado de babaca, infantil pela sociedade competitiva com a qual se deparou depois de ultrapassar os muros da infância.
Congelou algo em seu íntimo, sentiu uma mancha taciturna em seu peito até saber que reencontraria, mais de 30 anos depois, aquela turma do ginásio e do primário, em um bar. Sabia que poderia se deparar com alguns cabelos embranquecidos, barrigas salientes, faces abatidas pela pressão da vida. Mas esperava também reencontrar sorrisos sinceros que talvez não tenha captado na alegoria frenética em que se via naqueles tempos antigos: estudar, conviver, se expor sem se mostrar frágil, sem esmorecer. Era difícil ser colega. Era difícil ser aluno. Então novamente voltou a brincar, fez piadas como há muito não fazia, despiu-se da roupagem diáfana que o descoloriu por décadas. Provocou um, outro, de forma lúdica, tal qual crianças em uma guerra de travesseiros. E ao ler as mensagens se multiplicarem nesta corrente eletrônica da internet, em que cada um falava de sua vida, exalando satisfação com a reunião, apagando mágoas, reconstruindo o passado, percebeu finalmente que não estava só. E que, na verdade, nunca esteve.
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