Verdade

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O ginásio estava abarrotado. No palco, Geraldo Vandré discutia com a multidão em alarido, que o defendia. O público queria ver Pra não dizer que não falei das flores em primeiro lugar no Festival. Estava indignado com a vitória de Sabiá, de Tom e Chico. Vandré, iluminado, enfrentou a plateia efervecente. “Gente, Antônio Carlos Jobim e Chico Buarque de Hollanda merecem todo o nosso respeito.” Novo alarido. Vandré esperava, com paciência, a manifestação arrefecer. E não se intimidava. Dizia o que tinha a dizer, estava impregnado de verdades. “Estamos aqui para cantar. Quem deve julgar é o júri”. Novo frenesi de contestação. Vaias, assobios, gritos de revolta. “Gente”. Quando interrompido pelo barulho, Vandré novamente aguardava o momento certo. Então encerrou a balbúrdia com uma frase. “Gente, a vida não se resume a festivais”. E começou a cantar, do fundo da alma, em tom de dever cumprido. “Caminhando e cantando e seguindo a canção…” A juventude era consciente. O alarido, por isso, aumentou.

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