A má interpretação do idealismo alemão influenciou de alguma maneira a ascensão do nazismo. O idealismo, em resumo, defendia no fim do século XIX a autonomia do espírito, destacando a subjetividade do sentimento como o mais importante. Fichte, Hegel, dois discípulos de Kant, encabeçam a lista dos idealistas filósofos, que viam na valorização ética do “eu” o caminho para as realizações humanas.
Tal sensação de autossuficiência contribuiu para inflar o povo alemão de ilusão de onipotência. Foi uma das fagulhas na I Grande Guerra e, após a humilhação da derrota, se reinventou com mais ódio na II Grande Guerra. Logicamente, não era esta a intenção dos filósofos, muito pelo contrário.
Tais preceitos cheios de sabedoria serviram como um pretexto para preencher lacunas de uma sociedade esvaziada. Mas essa questão é importante para nós, hoje, em busca de nossa afirmação no dia-a-dia.
Por mais que estejamos certos e convictos, não convém tentar impor nossa opinião sobre a dos outros, nem nos irritar em excesso com fraquezas e defeitos alheios.
Senão, rumo a essa autossuficiência libertária, podemos interpretá-la mal e liberar nossos instintos mais primitivos. Nossa felicidade não será plena se os outros não agirem como desejamos. Assim, sem perceber, nos transformaremos em nazistas. Ou, no mínimo, em chatos.