Eugenio Goussinsky
Os jovens de hoje estão pressionados. Lidam diariamente com o olhar daqueles que os veem como uma geração perdida. São vistos como preguiçosos, acomodados. Para muitos, pensam pouco. Não conseguem se virar, parecem nada saber. Claro que há necessidade de cuidados. Mas, de alguma forma, a presença do celular se tornou um desafio injusto e cruel. Quase uma sentença desfavorável, sem que eles tivessem culpa de viver nesta era.
Enquanto isso, quem os critica diz que vivia nos tempos do “Era uma vez um tempo que não tinha internet”. Mas sempre fomos feitos de redes sociais. A eletrônica apenas deu mais visibilidade a um sentimento humano. Ele é quem rege. Mesmo quem tecla, quem está por de trás das telas, quem aparenta ser preguiçoso. A inovação maior vem da essência humana, sempre, para renovar o que parece imutável.
No último fim de semana, a Hebraica, destes jovens acomodados, viveu o dia mais histórico que já presenciei pelas suas alamedas. Todas as áreas do meu querido clube foram tomadas por uma luz incandescente que parecia ser lançada de lá de cima. E que trazia mais brilho àquele lindo dia, colorido, ensolarado.
Um mar destes jovens, ansiosos para enfrentar os desafios da vida, se derramou em um tsunami de amor gratuito, puro, profundo. Sem palavras, mas com sorrisos, brilhos no olhar, conversas leves regadas às brincadeiras tão comuns nesta idade. Era um é nóis, tamo junto, olha a moçada, am yisrael chai que abarcavam expressões de solidariedade de todas as épocas e culturas. Também não importava a escola: Beit, Alef Peretz, Rena, treinos e outros.
E eles se multiplicaram em uma vastidão de cabeças raspadas, garotos carecas que se despiram da vaidade, imbuídos no mergulho em uma única aventura: a da amizade.
Tudo foi feito com tanta naturalidade, com eles encarando tão bem o papel de amigo, que nem parecia que a iniciativa, idealizada por algum deles e por todos, era para dar força ao grande amigo que foi diagnosticado com um câncer, detectado ainda no início e com altíssimo grau de cura. Será superado com a força dele e de todos.
Um câncer juvenil, que vai passar nesta avenida como um samba popular. Acompanhado na passarela de pessoas a desfilarem reveladoras fantasias. Trajadas, com seus calções, camisetas e tênis esportivos, de profundas verdades. Como Alice no País das Maravilhas, atrás de um coelho, passando por fechaduras e lugares incríveis em busca de sua identidade. Ou Peter Pan, na Terra do Nunca, no conflito em transformar a infância em trilha para o crescimento.
Era isso que aqueles meninos faziam. Pelo jovem, cujo caráter, elegância e doçura trabalhavam e trabalham a seu favor, ao lado de tantos. Precocemente, todos eles já estão trabalhando o futuro. Ao encararem a realidade com uma força inquebrantável.
Encontraram-se às 12h e, num frenesi, fizeram a raspagem preliminar. Em seguida, subiram a rampa ao lado da piscina, desceram as escadas antes do teatro e lotaram a barbearia para passar a máquina. A Tereza, a Hosana e todos por lá nunca tiveram tanto serviço, em meio ao alarido cheio de energia.
E eles se espalharam pela praça Carmel, sentados nos bancos, no corredor lateral do Centro Cívico, nos balcões do Pilão, na trilha das quadras de beach tennis, em partidas de beach tennis, no japonês, no society, num desfile fascinante. No maior show da Terra. Será…
A mim, meio tio do pavê diante deles, coube uma reação de, em cada um que eu encontrava, dar um abraço e parabenizar pela atitude. Conhecia a história de todos, uns mais, outros menos.
Mas, naquele momento, o carinho que sempre senti por aqueles garotos, surgiu acumulado, de roldão, como se um filme passasse por minha mente, desde que os via brincar com meu filho no parquinho ou jogando na quadra, até vê-los grandinhos e nobres, à minha frente.
Respondiam-me, a cada parabéns, com a alegria natural que era para eles realizar aquele ato. Era como se nada estivesse acontecendo. Era como se eles estivessem fazendo o básico por alguém que amavam. Meu filho estava entre eles e eu, radiante com o envolvimento intenso dele nesta causa. Tive vontade também de ficar careca. Mas eu não me sentia, e nem estava, autorizado.
Sou emotivo como Shmuel Ash, personagem de Judas, de Amos Oz. Com grande facilidade meus olhos se enchem de lágrimas. Isso muitas vezes costuma me deixar constrangido. Parabenizava os amigos do meu filho e desviava o olhar lacrimejante. Ia para um cantinho mais distante da roda, apenas apreciando, ao lado da minha esposa, Eloá. Sei que eles percebiam, mas já sabiam que eu era o tio do pavê.
As lágrimas vinham como agora, enquanto escrevo. E vai ser assim para sempre, quando me lembrar daquele dia em que a Hebraica ficou colorida pelos carecas. Até quando todos eles crescerem. No ritmo da vida. Quase tão rápido quanto seus cabelos.
31 comentários em “O dia mais lindo na Hebraica”
Maravilhoso
Muito bem escrito, parabéns!
Rolaram Lágrimas de orgulho e emocao dos nossos jovens por aqui tambem (e no meio do escritorio, para olhar curioso dos meus colegas). Obrigado por colocar em palavras esse momento memoravei!
Meu deus Que texto Lindo e bem escrito.. claro que eh uma História emocionante mas de uma Geração tao criticada!! Parabéns!!
Que emoção que lindamente escrito descrevendo esta união maravilhosa em volta de um anigo querido
Refua chlema 🙏 amen
Emocionante!!Uma Grande Prova de Amor Incondicional
Amém
Amém
Eu sai da sauna e vi aquela turma no Barbeiro! Pensei, que estranho, tanta gente entrando na faculdade em Julho!! Sem querer e Sem saber, tive o privilegio de assistir um dos eposodios mais lindos da minha vida! Alegria! Alegria! 🍒
Eugenio, só me resta agradecer pelo sensivel e maravilhoso texto. Voce captou e transmitiu exatamente o momento.
Maravilhoso. Em prol e cura do Felipe Sapiro. Que ele fique bem logo.
Lindo texto como sempre Eugênio!
Fiel relato de um grande dia, Parabéns!
Obrigado, querido
Maravilhoso! Também fiquei com lagrimas nos olhos
Maravilhosa iniciativa! mostraram que tem muito valor e amizade….Parabens!
Lindo texto Gê
É realmente inspirador quando jovens demonstram solidariedade de maneiras tão significativas.
gesto que simboliza união, empatia e a força coletiva diante de momentos difíceis.
Serve como um lembrete de que, a solidariedade faz uma grande diferença na vida de todos nós. Linda AMIZADE! Lindo texto!
Lindo texto! E que possamos ver esses kivens crescen juntos com essa amizade linda.
Orgulho deles
Lindo texto! E que possamos ver esses jovens crescendo juntos com essa amizade linda.
Orgulho deles
Lindo texto
Queria ler mais textos seus assum
Eugênio parabéns!
Você conseguiu resumir com brilhantismo a emoção da nossa familia . Sem dúvida o que esses meninos estão fazendo pelo Felipe mudou o rumo do tratamento dele.
Parabéns!
Eugenio, Parabéns! Vc foi muito feliz e conseguiu externar sua sensibilidade à situacao e aos coadjuvantes desta
linda historia de amizade verdadeira
Obrigada!!!!
Lindo, kol hakavod para eles e pelo seu texto.
Fiquei emocionada com a atitude dessa turminha, q demonstrou muita maturidade
Parabéns aos amigos, e melhoras ao amigo querido por todos.
Linda atitude, linda amizade , lindo texto
Orgulho desses meninos
Texto brilhante e carregado de emoção! Exemplo de como amar ao próximo como a si mesmo! De resto, sem mais palavras!
Quando fui informada por eles do que se tratava a emoçO e gratidao por este gesto de solariedade tomou conta desta avo
Tbem fiquei com lagrima nos olhos so de imaginar!!! Lindo texto!!! E lindo gesto desses amigos tao queridos!!!
Linda atitude dos amigos!
Lindo texto, Eugênio!
Muito emocionante!
Eugenio ! Sensibilidade tua e desses lindos jovens !!! Refua shlema, shlema mesmo !!
Parabéns pelo belíssimo texto Eugênio!
Obrigado, Salvador