Roupinhas

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Roupinhas

Lembrei-me de quando eu estava em uma loja para recém-nascidos, na João Cachoeira. Ia comprar roupa para meu filho, que ia nascer. As roupinhas, emparelhadas nas prateleiras ou espalhadas em uma mesa de centro, causavam expectativa. Quando revi esta cena, senti um arrepio, a desafiar meu apego incondicional.

 

Houve uma época em que eu existia e meu filho ainda não, por incrível que pareça.

 

Quem eu era?

 

O que eu valorizava?

 

Um pouco de tudo que sou agora, com aquela existência imperceptível em mim, um adulto ainda fragmentado.

 

Sempre que eu lhe conto alguma coisa da minha infância, ele me pergunta. “E eu estava lá também?” Um dia, de brincadeira, eu disse a ele.

 

“Filho, eu já te conhecia sem saber”. Ele me disse então, com a voz carinhosa. “Papaizinho, papaizinho…” Acho que se orgulhou da resposta, tão verdadeira.

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